A detenção de centenas de trabalhadores sul-coreanos na fábrica de baterias para carros elétricos da Hyundai-LG Energy Solution, em construção em Ellabell, Geórgia, gerou preocupação em empresas multinacionais com funcionários estrangeiros nos Estados Unidos.
Na semana passada, autoridades federais prenderam 475 pessoas, a maioria cidadãos sul-coreanos, após identificarem uso indevido de vistos de visitante em atividades laborais. Vídeos divulgados pelo Serviço de Imigração e Alfândega dos EUA (ICE) mostraram trabalhadores algemados nos pulsos, tornozelos e cintura do lado de fora da fábrica.
O caso representa uma nova fase na repressão do governo Trump à imigração ilegal, ampliando o escrutínio sobre empresas que empregam estrangeiros. Segundo advogados especializados, muitos dos detidos entraram no país com vistos B-1, destinados a reuniões de negócios, ou por programas de isenção de visto, e trabalhavam para subcontratadas da Hyundai-LG.
“Clientes estão a perguntar se as suas sedes e funcionários nos EUA estão em risco e se precisam de se preparar para a chegada do ICE às suas instalações”, disse Matthew Dunn, chefe de imigração empresarial do escritório HSF Kramer, ao Financial Times. Outros advogados destacam que a operação expôs ambiguidades na aplicação das regras sobre vistos de negócios.
A repressão gerou um efeito imediato na comunidade empresarial estrangeira. Grandes empresas suspenderam viagens aos EUA e procuraram orientação jurídica sobre os riscos legais, segundo Tami Overby, consultora de comércio internacional do DGA Group. “Foi chocante ver centenas de trabalhadores sul-coreanos a serem tratados como criminosos. Esse caso está a repercutir-se não só na Coreia, mas também no Japão, Taiwan e outros parceiros comerciais dos EUA”, afirmou.
Autoridades do governo norte-americano afirmam que a operação não pretende desincentivar investimentos estrangeiros. A secretária de Segurança Interna, Kristi Noem, declarou que o episódio serve para esclarecer as regras sobre contratação de trabalhadores estrangeiros.
Enquanto alguns executivos estrangeiros expressam preocupação sobre a imprevisibilidade do ambiente regulatório, líderes como Ola Källenius, CEO da Mercedes-Benz, afirmam manter os investimentos nos EUA, respeitando as leis vigentes.
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