Presidente da Tesla durante quase três anos, John McNeill revelou, agora, que a empresa recolheu uma lição importante, após desmontar veículos elétricos chineses, e aplicou-a nos modelos Model 3 e Model Y – dois best-sellers globais.
As fabricantes têm o hábito de testar e desmontar os carros de outras empresas, numa prática comum que permite aprimorar a sua abordagem e aprender com o que de melhor (ou pior) se faz na indústria.
Aliás, recentemente, informámos que, depois de desmontar os carros elétricos das suas concorrentes e ficar “muito impressionado”, o diretor-executivo da Ford decidiu reorganizar a estratégia da empresa norte-americana.
Agora, de acordo com um ex-executivo da Tesla, a empresa desmontou veículos elétricos chineses e decidiu aplicar os ensinamentos no Model 3 e no Model Y. Estes são, hoje, best-sellers globais.
Reutilizar peças em vários modelos reduz os custos, percebeu a Tesla
Presidente da Tesla durante quase três anos, entre 2015 e 2018, John McNeill estava “à mesa” quando empresa estava a desenvolver o Model 3 e o Model Y.
Descrevendo a Tesla como “uma esponja de aprendizagem”, numa nova entrevista ao Business Insider, partilhou a maior lição aprendida com os carros chineses: reutilizar o máximo possível de componentes em vários modelos.
Os engenheiros chineses são muito disciplinados em reutilizar peças sob o capô que o cliente não pode ver, e economizam muito dinheiro dessa forma.
Segundo o ex-executivo da Tesla, desenvolver peças comuns para vários modelos não é novidade para as fabricantes ocidentais, mas as empresas chinesas levam isso a outro nível.
Conforme citado pelo InsideEVs, “se tu desmontares todos os BYD, verás que todos têm o mesmo motor de limpa-para-brisa, a mesma bomba de calor”. Na sua perspetiva, esta abordagem é “super inteligente, porque um motor de limpa-para-brisa realmente não muda nem acrescenta nada à experiência”.
De facto, Elon Musk já havia partilhado que o Model 3 e Y partilham cerca de 75% dos componentes, nomeadamente plataforma, motores, componentes interiores e outras peças, como maçanetas ou botões.
Os bancos dianteiros, por exemplo, são praticamente idênticos nos dois modelos, estando apenas mais altos no Model Y.
Tesla conseguiu praticar preços competitivos, sem comprometer modelos
Esta filosofia, que aparentemente aprendeu com as fabricantes chinesas, permitiu à Tesla reduzir os custos de produção e transferir a economia aos consumidores: os seus veículos elétricos compactos têm preços muito competitivos, tanto nos Estados Unidos como na Europa.
Desta forma, o Model 3 foi desde logo um sucesso, em 2018, com cerca de 138.000 unidades vendidas nos Estados Unidos, no seu primeiro ano de vendas. Na altura, tornou-se o veículo premium mais vendido do país.
Na China, onde foi lançado um ano depois e fabricado localmente, em Xangai, na Gigafactory que fornece, também, o mercado europeu, tornou-se o carro elétrico mais vendido, em 2020, com quase 138.000 unidades vendidas.
Atualmente, contudo, apesar dos bons números que já teve e embora McNeill admita que a empresa é “absolutamente implacável” quando se trata de redução de custos, esta abordagem per si parece não estar a ser suficiente para competir na China.
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